Olá a todos!
Neste ano, sabemos que
o Brasil sediará a Copa do Mundo Fifa, considerada o principal evento esportivo
do mundo. Os benefícios e malefícios oriundos de sermos a sede da Copa são
discutidos no dia a dia, tanto na mídia como em conversas cotidianas. Devido à
importância do tema para a sociedade, a sua discussão é fundamental no âmbito
da educação básica e, consequentemente, pode ser exigida nos vestibulares.
Considerando que o
texto a seguir é de caráter motivador, redija um texto dissertativo-argumentativo
acerca do seguinte tema:
O IMPACTO ECONÔMICO DA COPA DO MUNDO 2014 NO BRASIL.
É inegável a visibilidade que o Brasil terá
com a promoção dos megaeventos esportivos agendados, contudo os benefícios
econômicos que tais eventos trarão para o país são difíceis de estimar, pois
envolvem obras de infraestrutura urbana, reformas/construção de estádios, fluxos
turísticos, investimentos privados (rede hoteleira, por exemplo) e divulgação internacional
do país. Os organizadores geralmente alegam que eventos, como a Copa do Mundo,
geram estímulos para os negócios domésticos (e.g. restaurantes, hotéis e outros
negócios) e, portanto, benefícios econômicos maiores que os custos (Noll e
Zimbalist, 1997). O comitê organizador da olimpíada de Atlanta estimou um
impulso de $ 5,1 bilhões na economia e um aumento de 77.000 empregos (Barclay,
2009). Na maioria das vezes tais argumentos têm por base nos relatórios de
impactos econômicos oriundos em estudos encomendados pelos governantes ou
empresas esportivas para justificar seus investimentos, uma vez que os custos
para realizar tais mega-eventos são cada vez maiores. O custo de realizar os
jogos olímpicos em Atenas foi de aproximadamente R$ 24,4 bilhões, enquanto que em
Londres 2012, R$ 33,4 bilhões representaram somente a parcela de financiamento
público (Golden Goal, 2010).
Uma metodologia freqüentemente utilizada
nos estudos de impactos de eventos esportivos é a análise de Insumo-Produto,
que pode estimar os efeitos diretos e indiretos desses eventos na economia.
Alguns autores consideram, entretanto, que os efeitos multiplicadores obtidos superestimam
os efeitos reais, pois a metodologia utiliza hipóteses de oferta ilimitada de fatores
de produção, não lida com os efeitos de substituição nem custos de
oportunidade. Além disso, haja vista que os multiplicadores estão baseados numa
estrutura de produção vigente da economia, não capta as mudanças que a
realização do evento esportivo pode provocar nas relações produtivas. Existem
também casos em que o método de insumo-produto não é capaz de captar certos
vazamentos durante o evento esportivo (e.g. lucros ganhos pelo evento pode não
fluir para a economia local, mas para os acionistas estrangeiros) (Barclay,
2009; Madden, 2006; Porter, 1999).
Matheson (2002) aponta que diversos estudos
geralmente superestimam o impacto econômico sobre a economia local; Porter
(1999) enfatiza que os benefícios previstos pelos gastos públicos nunca se
materializam. Trabalhos como de Coates e Humphreys (1999) e Noll e Zimbalist
(1997) não encontraram correlação entre a construção de estádios esportivos e desenvolvimento
econômico regional. Brenke e Wagner (2006), ao analisarem os efeitos da Copa do
Mundo em 2006 na Alemanha, constataram que as expectativas estavam sobrevalorizadas,
de forma que os empregos adicionais eram somente temporários e os custos de
infraestrutura e promoção da Copa-2006 foram significativos. Eles concluíram
que os principais beneficiários dos eventos foram a FIFA e a German Foootball
Association (DFB). Pillay e Bass (2008) apontam que, ao contrário que se espera
na Copa da África do Sul, os empregos gerados pela construção de estádios são
temporários e após o evento esportivo o desemprego urbano poderá subir.
Swinnen e Vandemoortele (2008) destacam algumas
diferenças entre a Alemanha e a África do Sul como sedes da Copa do Mundo. A
primeira diferença repousa no custo de investimentos em infraestrutura.
Enquanto que na África do Sul os investimentos requeridos são altos para
construir novos estádios, na Alemanha que já detinha a maior parte dos estádios,
os investimentos se limitaram a adequações dos estádios em conformidade com as 4
normas da FIFA. Os investimentos em infraestrutura urbana serão maiores na
África do Sul. Uma segunda diferença recai sobre o custo do capital e custo do
trabalho. O custo do capital é maior em países em desenvolvimento, ou seja,
dinheiro gasto no evento representa dinheiro não gasto em outras áreas, tal
como o sistema de saúde. No entanto, nesses países os salários são relativamente
baixos, possibilitando certa redução nos custos operacionais e de infraestrutura.
Outro aspecto diz respeito ao financiamento
dos investimentos requeridos pelos eventos com recursos públicos, o que pode
gerar redução de outras despesas ou elevação da dívida pública. Somente em
2006, após 30 anos da realização dos Jogos Olímpicos, a cidade de Montreal conseguiu
sanar uma dívida cerca de R$ 2,8 bilhões (Golden Goal, 2010). Nesses termos, a principal
questão posta é se o financiamento dos mega-eventos com recursos públicos promove
um retorno mais eficiente quando comparado com os retornos de outras formas de investimentos,
como por exemplo, no sistema de saúde e de educação (Swinnen e Vandemoortele,
2008). Conforme Barclay (2009), a construção de novos estádios pode aumentar
atividade econômica, mas também pode elevar os custos de oportunidade para o setor
público e, geralmente, tem por conseqüência a redução de outros serviços
públicos, um maior empréstimo do governo ou impostos mais altos.
Caso tenham alguma dúvida, deixe um comentário que ela será
sanada em breve.
Boa escrita!
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