(fonte: http://uziporai.blogspot.com.br/2012/10/literatura-o-que-faz-um-texto-ser.html)
Olá a todos!
A
proposta de redação desta postagem é:
Escreva um comentário crítico acerca da opinião do Crítico Literário
Antônio Candido (exposta no texto abaixo) acerca do papel da literatura para a
formação do ser humano. Em seu comentário aborde necessariamente os seguintes
tópicos:
1) De que maneira a literatura pode formar o indivíduo;
2) A importância da
literatura para suprir a necessidade de ficção do ser humano.
Para
facilitar a escrita do seu texto, farei algumas considerações a respeito do
gênero solicitado. É fundamental ressaltar que o comentário crítico é um gênero
em que prevalece o tipo dissertativo-argumentativo. Dessa forma, o seu
principal objetivo consiste em discutir um determinado tema com base em
argumentos que fundamentem o ponto de vista do autor. Ademais, ele propicia ao
seu autor a oportunidade de expor o seu ponto de vista acerca de um tema
discutido a partir da leitura de um texto debatido. Por meio desse gênero,
muitos leitores, por exemplo, apresentam o seu ponto de vista e discutem
notícias veiculadas em jornais online e vídeos, como os publicados no YouTube.
Por
fim, destaco que o último vestibular da UnB (em junho de 2013) exigiu que os
candidatos redigissem um comentário crítico, o que comprova a importância dos
estudantes de ensino médio que almejam uma vaga numa universidade pública estar
apto a se expressar por meio desse gênero.
Boa
redação a todos!
A LITERATURA E A FORMAÇÃO DO HOMEM
Um
certo tipo de função psicológica é talvez a primeira coisa que nos ocorre quando
pensamos no papel da literatura. A produção e fruição desta se baseiam numa espécie
de necessidade universal de ficção e de fantasia, que de certo é coextensiva ao
homem, pois aparece invariavelmente em sua vida, como indivíduo e como grupo,
ao lado da satisfação das necessidades mais elementares. E isto ocorre no primitivo
e no civilizado, na criança e no adulto, no instruído e no analfabeto. A
literatura propriamente dita é uma das modalidades que funcionam como resposta
a essa necessidade universal, cujas formas mais humildes e espontâneas de
satisfação talvez sejam coisas como a anedota, a adivinha, o trocadilho, o
rifão. Em nível complexo surgem as narrativas populares, os cantos folclóricos,
as lendas, os mitos. No nosso ciclo de civilização, tudo isto culminou de certo
modo nas formas impressas, divulgadas pelo livro, o folheto, o jornal, a
revista: poema, conto, romance, narrativa romanceada. Mais recentemente,
ocorreu o boom das modalidades ligadas à comunicação pela imagem e à redefinição da
comunicação oral, propiciada pela técnica: fita de cinema, radionovela,
fotonovela, história em quadrinhos, telenovela. Isto, sem falar no bombardeio
incessante da publicidade, que nos assalta de manhã à noite, apoiada em
elementos de ficção, de poesia e em geral da linguagem literária.
Portanto,
por via oral ou visual; sob formas curtas e elementares, ou sob complexas
formas extensas, a necessidade de ficção se manifesta a cada instante; aliás,
ninguém pode passar um dia sem consumi-la, ainda que sob a forma de palpite na
loteria, devaneio, construção ideal ou anedota. E assim se justifica o
interesse pela função dessas formas de sistematizar a fantasia, de que a
literatura é uma das modalidades mais ricas.
(...)
Seja
como for, a sua função educativa é muito mais complexa do que pressupõe um
ponto de vista estritamente pedagógico. A própria ação que exerce nas camadas profundas
afasta a noção convencional de uma atividade delimitada e dirigida segundo os requisitos
das normas vigentes. A literatura pode formar; mas não segundo a pedagogia oficial, que costuma vê-la
ideologicamente como um veículo da tríade famosa, — o Verdadeiro, o Bom, o
Belo, definidos conforme os interesses dos grupos dominantes, para reforço da
sua concepção de vida. Longe de ser um apêndice da instrução moral e cívica
(esta apoteose matreira do óbvio, novamente em grande voga), ela age com o
impacto indiscriminado da própria vida e educa como ela, — com altos e baixos,
luzes e sombras. Daí as atitudes ambivalentes que suscita nos moralistas e nos
educadores, ao mesmo tempo fascinados pela sua força humanizadora e temerosos
da sua indiscriminada riqueza. E daí as duas atitudes tradicionais que eles
desenvolveram: expulsá-la como fonte de perversão e subversão, ou tentar acomodá-la
na bitola ideológica dos catecismos (inclusive fazendo edições expurgadas de
obras-primas, como as denominadas ad
usum Delphini, destinadas ao filho de Luís XIV).
(CANDIDO, Antônio. A literatura e a
formação do homem. Ciência e Cultura. 24 (9): 803-809, set, 1972.)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa tarde! Fiz uma redação com tema bem similar, apesar de não ser exatamente o proposto.
ExcluirTEMA: A LITERATURA NO MOMENTO HISTÓRICO ATUAL
Ao longo da história, a literatura tende a refletir os valores filosóficos, éticos e sociais de épocas distintas. Nos dias atuais, é evidente que o mercado capitalista e a indústria cultural vêm promovendo certa ruptura de seus valores e da própria arte figurada por sua linguagem.
A literatura, como manifestação artística, tem por finalidade recriar a realidade a partir da visão de determinado autor. No contexto histórico, o estilo barroco marcou o absolutismo do século XVI, enquanto o romantismo enunciava o discurso poético advindo do sentimento de liberdade da Revolução Francesa.
Contemporaneamente, a literatura vem se desvinculando de valores culturais, religiosos, artísticos e místicos, unindo-se a uma nova servidão: a da indústria cultural. Seguindo um ritmo de fabricação em série, a arte literária, de intelectual e histórica, passa a material de consumo efêmero, ditada por uma questão de moda volátil.
Por conseguinte, de expressiva e de experimentação do novo, as obras literárias acabam como reprodutivas e repetitivas, a exemplo de muitos livros de auto-ajuda, tão procurados por distintos leitores. Atualmente, a consagração da lista anual de “best seller” (livros mais vendidos) distingue, consideravelmente, a “boa” literatura das demais, reafirmando, assim, a inexorável inversão de valores entre o livro-arte para o livro-produto.
Assim, na atualidade, a obra literária tem sido fruto de uma geração preocupada mais com a forma e sua possível aceitação mercadológica do que sua evidente capacidade de emergir conceitos e reflexões sociais.